domingo, 9 de janeiro de 2011

Luang Prabang

A primeira etapa da viagem estava finalizada pois tinha ja passado por todos os sitios que tinha planeado ver na Tailandia. Estava na altura de mudar nao de sitio, mas de pais e entao arrumei as malas com destino a Luang Prabang, Laos.
Como tinha comprado um bilhete com a viagem toda pre-programada, desde o hostel em Chiang Mai ate Luang Prabang, tinha a vida facilitada, pois era so seguir as indicacoes, mas de qualquer modo, foram aventuras atras de aventuras. Primeiro, na viagem de autocarro ate a fronteira, o motorista adormeceu enquanto guiava e depois, a passagem na fronteira foi digna de registo! O primeiro impacto e um bocado assustador, pois nao e comum irmos ate ao posto de controlo no meio de um caminho de cabras, entre galinhas e patos e para espanto, o posto de controlo e uma barraca de contraplacado e chapa de zinco!! Mas no meio daquele aparente sistema caotico, a coisa correu muito bem e ate diria que fiquei surpreendido com a eficacia dos oficiais em ambos os lados da fronteira!




A viagem desde a fronteira ate Luang Prabang seria diferente pois, neste caso, nao se tratava de apanhar um transporte para me deslocar do ponto A para o ponto B. A forma mais rapida seria apanhar o barco rapido no rio Mekong, mas optei por escolher a possibilidade de descer o rio no barco lento, viagem que demoraria 2 dias, sendo por isso, a partida, uma experiencia diferente e de certeza espetacular!
A verdade e que esta opcao acabou por influenciar o resto da viagem, como mais tarde acabei por me aperceber.
Enquanto esperava na fronteira pelo passaporte e pelo barco, no lado de Laos, juntou-se ali um grupo pequeno de pessoas e, sem me aperceber, passados um bom par de horas, tambem ja estava la imiscuido e passamos o tempo todo a falar! E engracado como neste contexto das viagens, as pessoas tem a mesma predisposicao e o mesmo espirito e por isso rapidamente se estabelece contacto e se percebe facilmente quem esta do outro lado. E o que aconteceu foi que intuitivamente nos apercebemos que o grupo, ali recem formado, tinha uma dinamica divertida e assim, espontaneamente, acabamos por ficar todos juntos! Eramos no total 5 pessoas: Eu de Portugal, o Thomas da Holanda, o Paul nascido nas Filipinas mas residente no Canada, a Anne Propanda e Anne, ambas da Alemanha.


A viagem de barco foi simplesmente formidavel! Poderia parecer aborrecido e cansativo passar 2 dias metido num barco, mas com o novo grupo de amigos ali recem formado, passamos todos o tempo sempre entretidos, a falar, jogar as cartas, a fazer jogos, a rir, tirar fotografias, etc. Depois o cenario a nossa volta era de uma beleza incrivel: o rio Mekong, sinuoso por entre as montanhas, cheias de floresta, com um verde muito intenso. O barco ia calmamente navegando enquanto o Sol descia e nao havia pressa, afinal era tao bom sentir o vento na cara! Foi realmente uma experiencia unica e acabaram por ser 2 dias muito bem passados!




Nesta altura da viagem estava a comecar a estranhar o facto de nao me ter cruzado com nenhum Portugues ate entao. Nos sitios por onde passei, falei com pessoas de muitas nacionalidades: Holandeses (estao em todo o lado), Franceses, Ingleses (nao sei porque, mas quando os vejo fora dos pais deles, parecem-me uma cambada de arrogantes, com a sua maneira aristocratica de falar), Alemaes (muitos tambem), alguns Espanhois, Australianos e ate Israelitas. Mas nenhum Portugues. Comecava entao a sentir o peso da responsabilidade de "carregar" a bandeira Portuguesa por onde passasse. Afinal, eu era o primeiro Portugues com quem todas aquelas pessoas falavam e havia a necessidade de deixar uma boa imagem do nosso pais! E confesso que isso deixava-me orgulhoso! Mas ao mesmo tempo apercebi-me que do mesmo modo que e natural e "culturamente" aceite nos restantes paises Europeus as pessoas reservarem 6 meses, 1 ou ate 2 anos das suas vidas para viajar, parece que em Portugal existe uma certa resistencia a este tipo de "opcao" e o que e socialmente aceite e as pessoas seguirem o caminho tradicional, ou seja, realizarem os seus estudos e apos a faculdade, arranjar um emprego estavel, ter sucesso monetario, comprar um carro novo, uma televisao gigante e talvez, talvez um dia, depois da reforma, gozar a vida. E foi precisamente isso que observei, quando no final da viagem de barco, enquanto as pessoas saiam e eu esperava pela minha mala, ouvi a esposa a dizer para o seu marido em bom Portugues: "cuidado com o degrau, nao tropeces na bengala!!" Eram os primeiros Portugues com quem me cruzava desde que comecei a viagem e percebi ali, naquele momento, que em cada etapa da vida, existe uma altura certa para se fazerem as coisas e penso que, para este tipo de "aventura", a reforma nao sera certamente a altura ideal!

Luang Prabang e uma cidade "mosteiro budista" e patrimonio mundial. Tem uma atmosfera fantastica e e linda. Veem-se pessoas a andar no seu quotidiano normal, sem pressa, fazendo os seus afazeres com uma tranquilidade natural. Aqui nao ha pressa ou stress, e tudo em ambiente chillout! Exitem tambem muitos restaurantes a beira do rio Mekong e tambem do outro lado da peninsula, no rio Nam Kha, onde se pode estar relaxadamente a ler um livro ate ao por do Sol. Percebe-se que Laos nao e um pais rico, antes pelo contrario, mas basta olhar para o sorriso das criancas a brincar para perceber que os habitantes desta cidade perferem o seu estilo de vida tranquilo e no fundo feliz, ao estilo stressante e confuso de uma grande metropele! E uma daquelas cidades que custa deixar quando se parte para o proximo destino!









A semana que passamos em Luang Prabang foi relaxante e calma. Fiz imensas compras no night market, e um mercado com produtos muito autenticos, ve-se que nao tem aquele ar de produto feito para turista e e tudo tao barato... o dificil foi escolher o que nao levar!!

Mas num dos dias em que estavamos a passear pela cidade, vimos num quisque um senhor a vender um wiskey especial: no cartaz de "apresentacao do produto" dizia que todo e qualquer viajante que visitasse Luang Prabang, nao podia deixar a cidade sem beber aquele liquido precioso e que tornava os homens "fortes como bambo". A particularidade daquela bebiba era o facto de se encontrar desde ha 3 anos a marinar numa garrafa gigante cheia de repteis, tais como cobras, lagartos, centopeias e mais outras especies que nem quis ver. Obviamente que nao precisava de ficar "forte como bambo" (os Portugueses nao precisam disso...) por isso recusei experimentar! Mas aquela ideia ficou na cabeca do restante pessoal e nessa noite, nao sei porque, toda a gente decidiu que iria beber um shot de "snake wiskey". Como estamos num pais diferente, temos de experimentar os produtos locais e autenticos (foi este o argumento que me convenceu...) e assim, no dia seguinte, dirigimo-nos de novo ao quisque para beber o dito shot!
Para quem nao acredita, fica aqui a "prova" desta formidavel e deliciosa experiencia!!

Um dos highlights em Luang Prabang e a "morning alms ceremony" em que ao nascer do Sol, os monges percorrem as ruas da cidade em fila indiana, recolhendo das pessoas que se encontram alinhadas geometricamente nos passeios "sticky rice", bananas ou bolachas. Tudo feito num silencio de arrepiar e apesar de acontecer todos os dias, e de uma beleza impressionante. 



Visitamos tambem a gruta Tham Ting e as cataratas Kuang Si e Sai! Ficam aqui as fotos do passeio "cultural"!







 


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